quinta-feira, 30 de maio de 2013

Desfazer Malas


No meio do quarto ela ali permace, por onde me desvio ou tropeço na pressa para sair ou dormir. Apesar disso, ela não me incomoda e deixo-a ali intocada. Vez por outra me pergunto porque não a desfaço, mas um misto de cobrança, preguiça, saudade, desejo e paz acordam de que o melhor é deixá-la ali.

Desfazê-la significa interromper algo que ainda que não cessou.  Não voltei para casa ainda, sigo viagem por estradas escondidas que só eu posso percorrer.

A mala está ali... As roupas reviradas... Enquanto ela estiver ali, sinto que poderei voltar para qualquer lugar onde me sinta feliz.

A rotina me aprisiona e a mala me lembra de que posso ser feliz em qualquer lugar onde eu possa me abraçar.

Ansiedade, medo, insegurança, estresse, defesas e cobranças, nada disso me pertence enquanto viajo por estradas tão desconhecidas e familiares, construídas e abandonadas por mim.

Dentro de mim viajo por estradas do passado... Algumas continuam belas, acompanhadas por campos, flores, túneis de árvores, serras, rios e mar. Outras, até então, evitadas, percebo-as enfim pavimentadas e seguras.

Quero voar! Rodopiar, voar alto, voar raso, plainar, dar um rasante, mergulhar fundo e emergir com meu peixe triunfante!

Agora sim estou em casa... Na estrada, rumo a mim, rumo ao outro... A cada encontro, em cada abraço, em cada sorriso...  Sozinha ou de mãos dadas... Sempre que olho para o lado e encontro o meu sorriso.

E deixo a mala ali para me lembrar de que sempre posso estar em casa.








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